Bryan Adams :: Exposed

Bryan Adams dispensa apresentações. O que talvez nem todos saibam – apesar de ele mesmo o referir frequentemente com especial carinho – é que o famoso cantor viveu uma boa parte da sua adolescência em Cascais. Em entrevista, chega mesmo a confessar que foi em Portugal que comprou os seus primeiros discos e que se começou a interessar verdadeiramente por música. Além disso, uma das melhores recordações que tem do tempo em que aqui viveu é do Oceano Atlântico, durante todos esses anos seu privilegiado vizinho e perto do qual, ele e a sua família, faziam piqueniques, na então absolutamente deserta praia do Guincho.

O que nem todos sabíamos, também, era que os talentos artísticos do cantor não se ficavam pela música e pelo domínio da guitarra. Foi assim que Bryan Adams nos surpreendeu com um peculiar domínio técnico e a uma especial sensibilidade para a fotografia.

No Centro Cultural de Cascais, estão expostos alguns dos seus mais notáveis trabalhos nesta área. Ao percorrer a exposição, somos surpreendidos por rostos que todos conhecemos mas aos quais, numa boa parte dos casos, Bryan Adams confere com mestria uma natureza quase pictórica, quer a fazer lembrar os mais detalhistas retratos a carvão, quer a invocar óleos renascentistas. 

Da sorridente e quase informal Rainha de Inglaterra, a Salman Rushdie vergado sobre si, passando pelo convicto Mourinho e as mais belas e recentes divas do Fado português, Bryan Adams oferece-nos uma verdadeira viagem pela alma de quem fotografa, vista através sua sagaz objetiva. Além deste vertente retratista, a exposição conta ainda com uma área dedicada a militares vitimados em diversos combates e em que de forma crua, mas ainda assim quase poética e épica, são expostas as mais duras marcas da guerra.

Depois desta visita, é muito provável que se questione se Bryan Adams é melhor fotógrafo ou melhor músico? Uma coisa é incontornável: a sensibilidade artística corre-lhe nas veias. 

Bryan Adams afirma que deseja um dia ter uma casa em Portugal. Só podemos desejar e acreditar, que seja em Cascais. Vale sempre a pena voltar aos lugares onde se foi feliz!