
Casas de Sonho :: Os Chalets do Monte Estoril
Toda a zona da Costa Estoril-Cascais é ainda hoje conhecida e reconhecida internacionalmente não apenas pela sua beleza paisagística natural mas também, e muito, pela sua beleza e elegância arquitetónica.
Neste contexto e para este prestígio, em muito contribuíram os luxuosos e belos chalets que se construíram ao longo da costa, nomeadamente, os que no início do século passado se edificaram na zona do Monte Estoril.
Vamos levá-lo a desfrutar de uma viagem no tempo, dando-lhe a conhecer alguns dos mais emblemáticos, bonitos e preservados palacetes e chalets desta nobre zona. Venha connosco.
O interesse pelo Monte Estoril, no último terço do século XIX, é gerado pelo crescente despertar da população urbana e da classe burguesa da época para os benefícios dos bons ares da orla costeira, da vida ao ar livre e da prática de desportos, em muito influenciada e inspirada pelas zonas turística de luxo que então proliferavam pela Europa.
O nascimento desta localidade, até então povoada por uma densa zona de pinhal que se debruçava sobre uma deslumbrante vista de mar, fica a dever-se ao impulso de urbanização levado a cabo por José Jorge de Andrade Torrezão, que entre 1869-70, mandou edificar quatro chalets, isolados e construídos junto à praia, num alto sobranceiro. É, no entanto, cerca de vinte anos mais tarde, aquando da inauguração da linha férrea Pedrouços-Cascais em 1889, e como consequência da criação da “Companhia Monte Estoril”, que se assiste à forte expansão imobiliária do local.
A Companhia – composta por grandes nomes da aristocracia e que tinha como acionistas maioritários o Conde Moser – presidente da Companhia dos Caminhos de Ferro – e Carlos Anjos – entusiasmado investidor que nutriu o sonho de transformar a zona num centro de veraneio – surgiu com um projeto revolucionário: urbanizar em estilo turístico luxuoso o Monte Estoril.
Foram então construídas casas modestas, alegres e baratas, para alugar, vendendo-as sempre que houvesse compradores interessados. Surgiu a água canalizada – que Carlos Anjos canalizou para o Monte Estoril, a partir da sua própria propriedade de Vale de Cavalos, na Serra de Sintra – e a luz elétrica. As ruas foram pavimentadas, arborizadas e receberam o conforto de candeeiros a gás. Segundo o sonho traçado, o Monte Estoril seria a Riviera de Portugal. E foi!
O Monte Estoril enche-se então de ecléticas moradias em que os arquitetos davam largas à sua imaginação e ao seu gosto, exprimindo as vontades dos finais do século XIX. Onde outrora habitava tradicionalmente um pinhal batido pelos ventos do mar, a urbanização fez-se traçando ruas e criando infraestruturas entre os pinheiros. Acentuaram-se as suas características de zona profusamente arborizada com o exotismo dos jardins de muitas das suas casas, “mergulhadas” na vegetação, facto bem patente nas características deste local, até hoje.
Desde a criação da Companhia do Monte Estoril, esta estância balnear ganhou, de ano para ano, mais adeptos. No final do século era já uma povoação elegante, salpicada de exóticos chalets, rodeados de frondosos jardins, onde se instalava alguma nobreza, mas sobretudo a endinheirada alta burguesia.
A fama do Monte Estoril sobe quando D. Maria Pia aqui fixa residência no Verão, a partir de 1893. A acrescer, o aparecimento de dois casinos, o “Casino do Monte Estoril” – inaugurado com a presença dos soberanos, a 30 de Setembro de 1891 – e o “Casino Internacional” – que abre as suas portas oito anos mais tarde – consolidam a ascensão do Monte Estoril à categoria de estância de luxo. Por outro lado, o clima temperado e a existência dos casinos potenciava e aliciava uma animada e exuberante vida social, o que contribuiu para que, cada vez mais, as famílias aqui permanecessem durante o Inverno.
Situado na Avenida de Sabóia, o primeiro hotel do Monte Estoril a ser construído foi o “Grande Hotel”, inaugurado em Outubro de 1898 e posteriormente conhecido por “Grande Hotel Estrade”. O turismo e a vida social animam-se e intensificam-se.
No que respeita ao desenho então traçado para os edifícios, são três os principais arquitetos responsáveis pela traça que ditou a personalidade e carisma desta zona: Rafael Duarte de Melo, Raul Lino e Ventura Terra.
As casas de Rafael Duarte de Melo, caracterizavam-se como neo-românticas, e destas, destacam-se a “Vivenda Laximi”, a “Vivenda Malvina” e a “Vivenda Laura”, as três do início do século XX, todas ainda existentes e mantidas em excelente estado de conservação, pelos seus proprietários.
Raul Lino, por sua vez, dedicou-se à construção de casas de veraneio, construindo-as para os amigos, neste novo lugar adotado pela nova burguesia, classe em ascensão na época. A arquitetura de Raul Lino confrontou-se com as questões da «casa portuguesa» distanciando-se dos habituais valores arquitetónicos dos chalets «suíços» que se ergueram no Monte Estoril. Raul Lino introduziu novos elementos, de influência mourisca, recolhidos em viagens pelo sul de Portugal e Marrocos. As casas que construiu destacam-se na paisagem pelo exotismo das suas soluções decorativas, relacionando e articulando motivos mouriscos com típicos elementos decorativos da tradicional «casa portuguesa».
Graças à preservação da maioria dos chalets e palacetes que há cerca de um século vieram habitar o Monte Estoril, ainda hoje é possível percorrer as suas ruas e sentir a forte presença desse passado. Mas não apenas por essa razão. Na verdade, os edifícios mais recentes que foram incrementando esta zona habitacional fundiram-se na paisagem respeitando, ainda que com traços marcados pela modernidade, os contornos e linhas das traças de outrora, numa relação de perfeita simbiose. A paisagem natural, povoada de pinheiros a que se juntaram a luz e cor dos jacarandás e das buganvílias, manteve e preserva até hoje um certo ar bucólico. As ruas percorrem-se entre o sol abundante, proporcionado pelo ameno clima, e as sombras dos frondosos jardins. O perfume do jasmim inebria na Primavera e o canto das rolas e dos melros confere um encanto especial aos dias. Do cimo da maioria das suas íngremes ruas avista-se, ora o horizonte azul marcado pelo oceano, ora o delicioso recorte da costa e da marginal. Há um especial sossego reinante e é fácil, a quem aqui habita, sentir-se permanentemente de férias. Tudo parece fazer-se ainda ao ritmo de outros tempos, sem grandes agitações e na ausência de habitual poluição sonora urbana.
O Monte Estoril guarda inúmeros segredos e encantos gravados no ADN que lhe está na origem e que se conservou, até aos nossos dias, praticamente sem mutação genética. Venha percorrer as ruas deste lugar mágico e viajar no tempo. Quem sabe inclusivamente se, entre algumas das casas que aqui se encontram à venda, entre as quais se contam alguns destes bonitos e charmosos chalets e palacetes, não encontra a casa da sua vida? Consulte os nossos parceiros imobiliários e descubra as casas de sonho que o Monte Estoril tem para lhe oferecer.
O especial agradecimento ao Arquivo Histórico Municipal de Cascais pela colaboração e disponibilização de informação.