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Casas de Sonho :: Uma casa com história


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Por momentos esquecemos que estamos junto a um centro urbano e que a estrada marginal Lisboa-Cascais muito perto se agita de tráfego. É um silêncio intermitente, quebrado pelo canto das aves, que se impõe. A tranquilidade reina. Respira-se sossego. Seria fácil adivinhar numa atmosfera própria do campo, se não reconhecemos uma das melhores zonas de moradias do município de Cascais, na Parede.

Apesar da imponência do porte ditado pela pedra que o edifica e da traça centenária que marca a sua personalidade, o palacete repousa, discreto, para além de um alto muro, emoldurado por duas possantes árvores, antigas e cúmplices companheiras de uma história com a mesma idade.

Damos-lhe a conhecer uma casa que nos reconduz ao tempo em que a Parede era uma prestigiada e glamorosa estância de veraneio de famílias portuguesas da alta burguesia e não só.

Quando o pesado portão de ferro se abre à nossa passagem, temos a sensação de ter feito uma viagem no tempo. O palacete, rigorosamente preservado nos seus traços arquitetónicos originais, as duas imponentes árvores que habitam o seu jardim – dois Ficus tão centenários como a casa, cujas copas se tocam e entrelaçam, conferindo uma generosa sombra ao jardim – a calma reinante, tudo nos transporta para um tempo em que o tempo corria mais devagar e em que tudo se vivia e saboreava mais plenamente. Uma pega-rabuda vem receber-nos, como se celebrasse a nossa chegada. O proprietário explica-nos que a ave adotou aquele jardim como morada e que, inclusivamente, vinha comer à mão quando a casa ainda era habitada pela família. Sinais mais do que incontornáveis da paz reinante por ali.

Adquirido há cerca de vinte anos pelo atual proprietário e alvo de uma meticulosa e rigorosa intervenção à época realizada pelo mesmo, a história deste Palacete remonta ao final do séc. XIX, ao ano de 1899, quando foi construído por Cláudio Augusto Rosado para a família de Alfredo César de Menezes Vasconcelos. Viviam-se então tempos áureos, em que as famílias burguesas, habitualmente residentes em Lisboa e em outros centros urbanos, despertavam para os benefícios da praia e do lazer e desporto ao ar livre. Aliás, a Parede é ainda hoje conhecida pela qualidade do ar sempre renovado pela brisa marítima e pelas características terapêuticas das suas praias, devido à intensa presença de iodo – facto que aliás explica a construção em 1904, na zona e junto ao mar, de uma importante unidade de saúde, o Hospital de Sant’Ana. Especializado no tratamento de doenças ósseas e em ortopedia – o Hospital de Sant´Ana transformou a Parede num dos destinos de eleição para este efeito, para muitas famílias portuguesas e estrangeiras. Foi assim que, entre o final do séc. XIX e o início do séc. XX, ali nasceram inúmeros palacetes e chalets de veraneio, hoje objecto de reabilitação, readquirindo a sua beleza arquitetónica e o seu charme.

Para João Ramalho Fernandes, o atual proprietário, este foi sobretudo um projeto de vida familiar. Quando há duas décadas adquiriu a casa, era manifesto o seu desgaste, fruto do passar dos anos, até por na mesma ter pontualmente funcionado um colégio privado. O objetivo do projeto inicial foi proporcionar uma casa de sonho à família, recuperando de forma tão fiel quanto possível materiais, traços e características da estrutura original. Nas paredes, por decapagem, procurou a essência dos tons que inicialmente a revestiram, as madeiras do soalho foram expurgadas dos inquilinos indesejáveis e mantidas sem alteração, assim como as das janelas e portas. Os vitrais foram recuperados com um minucioso trabalho artesanal, mantendo-se fiéis à origem e os inúmeros estuques e sancas ornamentais obrigaram inclusivamente à recriação de moldes a partir de vestígios dos que ainda restavam, numa clara preocupação em manter a autenticidade, originalidade e beleza dos relevos. Os azulejos de parede e os mosaicos de chão originais foram mantidos no maior número possível e devidamente restaurados. Ao mesmo tempo, a par da preocupação com a reconstituição e reabilitação histórica do imóvel, a casa foi revalorizada com os mais modernos equipamentos, quer ao nível do sistema elétrico, quer de canalização, quer da segurança e vigilância, que aliás tornam possível visualizar, em qualquer parte do mundo e a todo o momento, o que nela se passa.

No amplo e clássico hall de entrada, somos seduzidos por uma elegante escada de madeira e ferro que suavemente serpenteia, convidando-nos a subir e a conhecer os aposentos do primeiro andar. O pé direito, impõe-se, majestoso, enquanto percorremos corredores que conduzem a amplas salas, iluminadas por inúmeras janelas altas, que deixam o sol entrar e instalar-se sem cerimónia nos quatro cantos da casa. No ático, com soberbas vistas que pairam sobre as moradias e jardins vizinhos, sobre a vila da Parede e permitem descobrir um deslumbrante horizonte de mar, instalaram-se outrora os quartos dos três filhos do casal. Ali estão guardadas fortes memórias dos anos de crescimento, entre a infância e a adolescência, com direito a portas minúsculas, experiências dignas de histórias de Alice no País das Maravilhas e de aventuras guardadas a sete chaves até à idade adulta.

Por fim, uma escada em caracol leva-nos em espiral ao derradeiro patamar de um sonho feito casa, de onde tudo se avista, numa rotação de 360º. O cata-vento revela-nos de onde este sopra, o pára-raios protege-nos das piores manifestações das tempestades e olhar para baixo pode causar vertigens aos mais sensíveis.

Depois de tudo o que nos é mostrado e relatado com tanta dedicação e emoção, há uma pergunta que se impõe: por que razão está à venda uma casa assim? A resposta é simples e o motivo compreensível: os filhos cresceram e têm hoje as suas próprias casas, existem outras residências de família e, habitualmente, o casal proprietário, ainda sem netos, passa temporadas prolongadas no Brasil. Esta casa única tornou-se demasiado grande para dois. É uma casa que merece ser permanente e plenamente vivida, até por questões de assistência e manutenção.

Por isso, se está a pensar comprar casa em Cascais e a história que lhe contámos o apaixonou, não deixe de visitar este romântico palacete onde a tranquilidade, a história e a modernidade andam de mãos dadas. Com uma localização tão recatada quanto acessível e tantos atributos de excelência, ter o privilégio de aqui viver com a família é escolher ser muito feliz. Há lugares com história que merecem fazer parte da sua. Este é um deles.

|Os nossos agradecimentos aos proprietários da Casa e à Porta da Frente | Christie’s, Agência Imobiliária responsável pela comercialização da casa.

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