
O Baile da Riviera
Conhecida desde há muitos anos como a Riviera portuguesa, a costa do Estoril e de Cascais, apesar de algumas vicissitudes dos tempos correntes, nunca perdeu os atributos que apaixonaram para sempre todos os que a conheceram nos anos dourados das décadas de 1940 e 1950.
Em honra desse passado glorioso, mas também para celebrar uma nova época de grande actividade e ainda maior optimismo no futuro, realizou-se em Outubro de 2014, precisamente no Casino do Estoril, o Bal de la Riviera. Neste evento, que transportou todos os que nele participaram para a atmosfera desses gloriosos tempos, ficou bem patente que Cascais não perdeu nada do seu glamour e volta a afirmar os traços de um life style único e bem cosmopolita. Conheça os detalhes desta festa inesquecível.
Cascais e especialmente a zona do Estoril, são ainda hoje mundialmente reconhecidas por, nos anos prévios e durante a Segunda Guerra Mundial, terem sido o destino em muitos casos imprevisível de membros das principais Casas Reais da Europa, de famílias de origem aristocrática e de empresários, escritores e artistas, que aqui se refugiaram para fugir à devastação que se abatia sobre as suas pátrias.
Em Portugal, a costa do Estoril e de Cascais foi, de certa forma, o enclave escolhido por muitos para recomeçar uma nova vida. Acolhedora por natureza e abençoada por um clima que a todos encanta e faz render, Cascais e as suas gentes receberam de braços abertos todos os que chegavam em busca da segurança perdida, proporcionando durante os anos áureos e em muitos casos as décadas prodigiosas seguintes, o carinho, o respeito, a paz, a liberdade e, em suma, a qualidade de vida que todas estas famílias ambicionavam.
Ainda que num contexto sempre ensombrado pelas notícias que chegavam do exterior e pelas expectáveis consequências da Guerra, Cascais viveu, entre os finais da década de 1930 e os anos 40, uma época por muitos considerada gloriosa, época que aliás se prolongou nas décadas seguintes, em grande parte como consequência dos relacionamentos, amizades, paixões e boas memórias que se geraram e foram proporcionadas aos que por aqui passaram, num período particularmente difícil das suas vidas.
As festas exuberantes e mesmo extravagantes, a vida simples mas simultaneamente glamorosa, elegante e requintada, as casas e palacetes que ganharam vida em inúmeras receções de gala e até o próprio facto de, por Portugal ser considerado um país “neutral”, Cascais e o Estoril terem sido ponto de encontro privilegiado e de passagem de espiões, fizeram desta região um dos lugares inesquecíveis e incontornáveis da história europeia dessa época.
Foi assim que, sob o mote da comemoração dos cinquenta anos do falecimento de Ian Fleming, o autor da saga “James Bond – agente 007 ao serviço de Sua Majestade”, que se inspirou para a criação da personagem num episódio vivido por si mesmo no antigo Casino do Estoril, nasceu a ideia de realizar o Baile da Riviera, um evento criado sob a égide da primeira obra do escritor, “Casino Royale”.
O Príncipe Charles-Philippe D’Orléans, mentor e organizador deste evento, de origem francesa mas residente de há uns anos a esta parte e incondicional apaixonado por Cascais, ele próprio com um passado familiar ancorado por exílio nesta Vila, fez questão de mostrar e evidenciar internacionalmente que Cascais continua a ser “a pequena jóia da coroa” de Portugal, um tesouro bem guardado, mas que vale a pena redescobrir e usufruir.
Alguns familiares do escritor Ian Fleming e Suas Altezas Reais, os Príncipes de Kent, foram os anfitriões de honra de uma celebração espectacular que reuniu, durante três dias de festas e outras actividades, com receitas a favor da Cruz Vermelha Portuguesa, trezentos e cinquenta convidados VIP, a maioria estrangeiros de origem europeia, incluindo membros das Famílias Reais da Bélgica, antiga Jugoslávia, Itália, França, Rússia e Inglaterra.
Durante a requintada e animada noite que a todos fez reviver o Estoril nos anos dourados das décadas de 1940 e 1950, o foco foi não apenas colocar em destaque o que de melhor se faz em Portugal, como em demonstrar todo o charme, encanto e potencial que Cascais mantém hoje, enquanto destino turístico e local privilegiado para residência temporária ou definitiva.
A Grande Gala, que decorreu no salão Preto e Prata do Casino do Estoril, reconduziu os convidados, em todos os detalhes, para um pormenor por muitos desconhecido da vida de Ian Fleming. O cenário concebido pelo designer português de interiores, Dino Gonçalves, incluía elementos temáticos de uma “selva”, paisagem que rodeou o escritor durante diversos anos que residiu na Jamaica, país onde viveu muitas aventuras, aliás à semelhança do seu personagem favorito.
Mas toda a atenção aos pormenores começou muito antes, desde logo na elaboração e conceção dos convites, em que os nomes foram manuscritos, assim como os endereços nos envelopes que os transportaram até aos respetivos destinatários. Alem disso, a imagem gráfica do evento foi concebida a partir da capa que o próprio Ian Fleming desenhou para a sua primeira obra “Casino Royale”.
Na noite da Gala, os convidados foram surpreendidos por uma passadeira vermelha que os guiou do Hotel Palácio até ao Casino. Depois de um jantar inesquecível, com um menu baseado em produtos gastronómicos portugueses de excepção, seguiu-se uma noite de espectáculo e animação, conduzida pela apresentadora de televisão e atriz Catarina Furtado, com actuações dos mundialmente conhecidos acrobatas Golden Power e da banda Rock portuguesa de projeção internacional, The Gift. O baile, propriamente dito, foi aberto ao som da orquestra portuguesa Begin Big Band e a animação, que se prolongou pela noite dentro, ficou a cargo do DJ Paulo Pamplona. Outro dos pontos altos da noite foi a oferta de uma peça única, que reúne em si o trabalho de dois dos mais conhecidos artistas portugueses: a escultora contemporânea Joana Vasconcelos e o ceramista do século XIX, Bordallo Pinheiro. A Spring Ball, como foi designada a peça em causa, foi criada em exclusivo para um especial tributo a Ian Fleming e, na ocasião, oferecida à sua família, em nome de Cascais e dos organizadores do evento, por Sua Alteza Real, o Príncipe Michael of Kent.
Neste evento, para todos que nele participaram verdadeiramente inesquecível, um facto ganhou especial destaque e foi bem realçado. Cascais foi e continua a ser uma Vila onde portugueses e estrangeiros vivem em perfeita harmonia, que gosta de receber bem e sabe fazê-lo com todo o preceito. Além disso, permite conciliar, com uma sabedoria ímpar, uma vida calma, segura e simples, com a elegância, arrojo e carisma que tão bem a caracterizam.
Para quem ainda tenha dúvidas, estamos à sua espera. Numa primeira visita, decerto muitas vezes posteriormente repetida, sinta desde logo por si próprio esta harmonia e esta qualidade de vida verdadeiramente excecionais.